segunda-feira, 20 de junho de 2016

Banco comunitário estimula economia

*Publicado na página Responsabilidade Social, no jornal O LIBERAL de 22/10/2015

BRENDA PANTOJA
Da Redação

Com as compras no caixa, o cliente pergunta: “aceita moqueio?”. O questionamento parece estranho, mas é bastante natural na Baía do Sol, comunidade localizada na Ilha de Mosqueiro, em Belém. O termo é usado para descrever uma técnica indígena de conservação do pescado, mas por lá, o moqueio (M$) é uma moeda social que circula nos estabelecimentos e no Banco Comunitário Tupinambá, que completou seis anos de atuação no local e está transformando a realidade econômica de cerca de oito mil moradores. Com valor equivalente ao do real, o dinheiro complementar é utilizado no pagamento de mercadorias, serviços e contas, cumprindo o importante papel de fortalecer a economia local. Antes da iniciativa, apenas 2% dos moradores compravam internamente. Agora, esse número saltou para 84%. 
Os significativos resultados já renderam várias premiações e a mais recente foi ser um dos 20 projetos selecionados em todo o país no prêmio de “Melhores Práticas Sociais”, da Caixa Econômica Federal. Enquanto a equipe de reportagem conversava com os coordenadores do Instituto Tupinambá, Marivaldo do Vale e Ivoneide Vale, vários eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos chegaram para entrega à sede da ONG, como parte do Prêmio Consulado da Mulher de Empreendedorismo Feminino. Eles venceram a disputa com o projeto Ceci, outro braço do instituto, cujo foco é o empoderamento das mulheres, mas que está diretamente ligado ao banco comunitário. 
Para compreender melhor como essa cadeia funciona, Marivaldo explica que o objetivo da moeda social é fazer com que o capital circule no próprio bairro. Estimulando moradores e empreendedores a comprarem de fornecedores locais, é possível aumentar o poder de comercialização, gerando trabalho e renda e, assim, contribuir para o desenvolvimento da comunidade. “Pesquisas que realizamos ao longo dos anos nos mostraram que era de R$ 30 o gasto por pessoa para se deslocar até a Vila de Mosqueiro para realizar as transações bancárias. O banco proporciona uma economia de pelo menos R$ 90 mil por mês, só pelo simples fato dos habitantes não terem que sair da Baía”, afirma. 
Durante a entrevista, a movimentação de clientes era intensa no Banco Tupinambá, pois era dia de pagamento do programa Bolsa Família. Eles firmaram convênio com a Caixa Econômica há três anos e realizam todos os serviços de uma agência comum, o que atualmente significa uma média de três mil atendimentos mensais. Os usuários podem, inclusive, fazer empréstimos com o moqueio. “Antes do Banco Comunitário, as famílias iam receber a Bolsa ou fazer qualquer outro tipo de transação fora da Baía do Sol. Por causa da distância, muitos também almoçavam e faziam as compras na Vila. Pouco desse recurso chegava aqui. Agora, quase 100% da demanda financeira fica na comunidade, dando mais chance de crescimento aos comerciantes daqui”, reforça. 
Dois tipos de empréstimo são praticados pelo Banco: o produtivo, que é negociado em reais e voltado aos empreendedores, e o de consumo, realizado em moqueios para os moradores. Segundo Marivaldo, a moeda social possui um lastro (fundo sem o qual ela não poderia circular na comunidade) de R$ 8 mil, o que possibilita atender com empréstimos em torno de 300 famílias. As mães do Bolsa Família tem um crédito especial de M$ 30 por mês, pagando uma taxa de R$ 0,10 a cada M$ 10. “Muitas delas têm apenas o programa como fonte de renda e a ideia é que não falte o pão na mesa. Elas também recebem aulas de educação financeira, assim como todos os clientes que fazem empréstimo conosco”, informa. 
Os empréstimos de consumo variam entre M$ 30 e M$ 150. Em seis anos, mais de 3.400 empréstimos já foram realizados, movimentando um valor de M$ 144 mil. Apenas três casos de inadimplência foram registrados em todo esse período e Marivaldo acredita que o envolvimento da comunidade no funcionamento do banco contribui para o fortalecimento. “A gente busca fazer eles entenderem que o Banco Tupinambá não é nosso, é de cada um que já se beneficiou com a circulação do moqueio. A comunidade tem crescido muito nos últimos anos, tanto que não está sendo atingida pela crise da mesma forma que o resto da capital”, observa. 
De fato, vários comerciantes e mães de família da região afirmaram ainda não terem sentido os impactos por causa do momento difícil da economia brasileira. Alguns até conseguiram expandir o comércio. “Talvez a crise se reflita mais no recurso que não está vindo, uma vez que a Baía do Sol sempre foi uma comunidade muito desassistida. No entanto, a gente observa que tem várias construções, que o que está aqui consegue alavancar”, avalia Ivoneide. Ela pontua que o crescimento é fruto de um processo de conscientização social dos habitantes. Quando o Instituto começou, ela lembra que não existiam açougues apropriados e só havia uma panificadora, além da maioria dos comerciantes serem informais. 
“Muita gente também não comprava aqui porque os vendedores não aceitavam cartão de crédito. Os produtos eram caros e não tinha muita opção, porque a competitividade era muito baixa. Com base em estudos, pautamos melhorias e fomos vencendo deficiências. A comunidade entendeu e começou a se formalizar”, recorda. De acordo com ela, apostar em quem estava com crédito negativado, concedendo empréstimo social e dando orientações financeiras, também se mostrou uma boa escolha. “Não somos uma casa lotérica, em que as pessoas pagam e não existe relacionamento algum. Somos um banco comunitário, somos moradores locais. A gente acaba sendo assistente social e psicólogo, às vezes, e isso é muito importante”, destaca.
Projeto promove capacitação técnica e produtivas às mulheres
Foi a partir dessa inquietação que surgiu, há três anos, o projeto Ceci Mulheres. Quase 30 mulheres que recebem o Bolsa Família têm crédito no Banco Comunitário e desejam empreender participam da iniciativa. Ivoneide diz que a demanda surgiu logo após o convênio com a Caixa. “Percebemos a vulnerabilidade de muitas mulheres que recebiam o Bolsa conosco, mas estavam em situações de violência doméstica, drogadição e alcoolismo”, detalha. A ideia do Ceci é beneficiar essas mães através de capacitação técnica e produtiva em diversas áreas, inclusão financeira e acompanhamento social. Para ela, ainda que a quantidade de pessoas atendidas pelo projeto pareça pequena, o impacto vai ser grande. O prêmio do Consulado da Mulher garantirá a elas dois anos de acompanhamento técnico.
“Elas nunca mais serão as mesmas. E é por elas que passa a educação da futura geração. Se essas mães não estiverem bem, não criarão bem os seus filhos. A gente quer disseminar na comunidade a ideia do protagonismo. De fazer algo pelo ambiente em que está inserido, sem esperar pelo poder público para mudar a realidade”, declara. No mês que vem, representantes do projeto Ceci viajarão pelo Nordeste para criar a Associação das Mulheres Emancipadas do Programa Bolsa Família entre o Norte e o Nordeste. O objetivo é reunir mulheres, que conseguiram se estabilizar e se tornaram mais independentes, a abrir polos de atendimento e alcançar mais pessoas.
E-DINHEIRO
Outra ação na qual o Instituto Tupinambá está trabalhando é a implantação do e-dinheiro, a moeda social eletrônica que será utilizada por todas as 110 instituições da Rede Brasileira de Bancos Comunitários. A previsão é que ela esteja rodando em todo o país em março do ano que vem. Marivaldo explica que o maior ganho é a mobilidade e que cada banco movimentará a sua moeda própria dentro do fundo que dispõe. “O aplicativo vai permitir que eu movimente o moqueio, por exemplo, para pagar um boleto ou até trocá-lo por reais”, adianta. A ideia já foi apresentada para os clientes do banco e a dona Raimunda da Silva, 51, já está cadastrada.
Ela é proprietária de um mercadinho e se rendeu ao uso do moqueio há quatro anos, depois da insistência dos clientes. “Eles sempre perguntavam se aceitava pagamento em moqueio, até que resolvi aderir e não tive nenhum prejuízo, pelo contrário. Aumentou a fidelidade dos clientes”, conta. Na fila do caixa, ela estava com vários boletos e muitos moqueios em mãos. Raimunda utiliza a moeda social no pagamento de boletos e para facilitar o troco aos clientes. Com as informações sobre empreendedorismo, ela tem gerenciado melhor os negócios e conseguiu aumentar o espaço do comércio, além de ter comprado um freezer novo. Valdenira Villaça, 27, é vendedora em um armarinho e garante que o moqueio circula como uma moeda normal na Baía do Sol.
“É uma moeda totalmente comum na nossa rotina. Usamos pra comprar desde crédito pra celular até açaí com farinha, remédios e tudo mais. Alguns estabelecimentos até dão 5% de desconto para quem pagar em moqueio. Tudo isso faz o dinheiro circular aqui”, comenta. Ela, que tem duas filhas e recebe o Bolsa Família, também faz parte do projeto Ceci, não tem dúvidas do retorno positivo que tem com os projetos. “Faço os empréstimos mensais de M$ 30, é um valor que me ajuda bastante. E com os treinamentos de educação financeira, mudou a minha visão sobre o assunto. Antes, achava que só saindo daqui poderia ter uma renda, mas hoje entendo que posso investir aqui mesmo”, diz.
A universitária Valéria Barbosa, 31, acredita que o projeto merece mais visibilidade, pois tem ajudado muitos moradores da área. “A aceitação da moeda é muito boa, as pessoas se sentem seguras utilizando o moqueio e o comércio local tem se desenvolvido bastante com esse fortalecimento, o que resulta numa melhor qualidade de vida para todos”, pondera.


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Aventuras, mistérios e risadas com a turma do Bolachão


     Volto a falar da entrevista mais prolongada que já fiz. Dura quase 10 anos a minha troca de mensagens com o escritor João Carlos Marinho e este foi o tema da minha postagem anterior (para ler a primeira parte, clique aqui). Foi maravilhoso ver o carinho com que meu texto foi recebido pelo autor e por seus leitores. Nas próximas linhas, divido algumas falas pessoais do criador da Turma do Gordo sobre prêmios literários, "arrependimentos", linguagem e estilo. É fácil perceber a ligação afetiva que ele estabelece com o público que aprecia sua obra, não importa a idade.

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       Depois que eu recebi a resposta dele sobre as mudanças da mãe do Gordo, fiquei curiosa sobre o processo de edição dos livros, queria saber exatamente como funcionava. E ele, solícito como sempre, esclareceu a minha dúvida.
JCM: Fico feliz que você gostou da mudança que eu fiz na mãe do Gordo. Ela era uma mulher desagradável e grosseira, não combinava com a família. Agora ela ficou ótima, inclusive muito valente, participa das aventuras, gosta da Berenice. A possibilidade de fazer alterações nos livros veio porque a editora resolveu dar uma nova forma aos meus livros, ficaram maiores, mais bonitos, e para isto foi preciso fazer uma nova editoração eletrônica, quer dizer, fazer novas provas dos livros, e então aproveitei para mudar a mãe do gordo no novo Livro da Berenice. Antes eu não podia mexer, como daqui para frente não posso mais, porque o livro é filmado e basta a edição ir se esgotando que eles imprimem automaticamente. 
       Ainda no mesmo assunto, o questionei sobre as motivações para fazer tais alterações tanto tempo após a publicação de uma obra que teve boa aceitação. Ele tinha algum arrependimento em relação aos livros escritos? João Carlos é sincero na resposta e diz:
JCM: Não é bem me arrependo, não, mas eu constato que nos livros "O Livro da Berenice", "Maníaco Janeloso" e "Cascata de Cuspe", eu tenha levado o livro tão bem até os três quartos e que poderia ter esperado mais tempo para terminar melhor. Eu gosto muito destes livros, mas hoje eu teria ficado com os originais mais tempo para fazer um fim à altura do resto. Mas não vou mexer, vai ficar assim mesmo. Ruim não está, mas poderia ter sido melhor.
    Algum tempo depois, retomamos a conversa e eu o comuniquei da minha decisão de cursar Jornalismo. Ele me desejou felicidades na carreira e comentou que eu tinha "uma excelente redação e um estilo muito vivo, com certeza é a sua vocação e, principalmente, curiosidade, essencial para a profissão, como esta que você teve de escrever ao autor do livro que você gostou". Em seguida, compartilhou um breve relato de sua passagem pela capital paraense, na década de 70. 
JCM: Como eu já lhe disse eu estive em Belém, foi em janeiro de 1973. Eu vinha de Manaus com minha mulher, o Sr. Francesco, um italiano, pai de um falecido amigo meu de quando eu morei na Europa e que sempre me recebia nas férias, a minha cunhada e o meu concunhado Ozório. Nosso destino era uma fazenda de gado que ele tinha perto de Belém (não muito perto por causa da estrada horrível). Estávamos no hotel e aí recebi um telefonema de São Paulo dizendo que a minha querida avó, a quem dedico o Gênio do Crime, estava morrendo. Então deixei meus amigos e minha mulher continuarem e viagem para a fazenda e na manhã seguinte, bem cedinho, peguei um avião da Varig. O avião fazia escala no Rio antes de vir para São Paulo. Quando o avião levantou vôo, a aeromoça chegou para mim e disse que eu tinha jeito de estar acostumado a voar mas havia um senhor no avião que nunca saíra de Belém na vida e que nunca andara de avião na vida, e que ia ao Rio de Janeiro para o casamento da filha. Então eu fui sentar ao lado dele, puxei conversa , e era um senhor muito simpático. Eu tinha 37 anos na época e minha filha Cecília tinha cinco, aquilo de casar uma filha me parecia uma coisa muito longe, quase impossível, uma coisa dum outro planeta, e aqui estou eu hoje, com a minha filha que tinha cinco anos casada e já com uma filha, a minha neta Gabriela. Isso me ficou na cabeça, aquele senhor que nunca saiu de Belém e nunca andou de avião. Não se preocupe com o "Assassinato", você vai fazer vestibular, está na hora de ler Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos e outros clássicos que caem no vestibular. Quando você casar, que nem a filha daquele senhor, e tiver um filho, aí você compra para ele.
     O trecho acima é um exemplo de uma característica que muito me agrada nesse contato com o João Carlos Marinho. Mesmo por e-mail, que costuma ser um canal mais impessoal, ele consegue imprimir leveza e espontaneidade à conversa, que tem repetições e digressões, naturais no nosso cotidiano. Interessada em manter o diálogo e ainda curiosa, perguntei sobre os prêmios conquistados com os livros. Qual ele achava que era o impacto das premiações na repercussão e venda das obras?
JCM: A minha grande satisfação com os livros que escrevi não são os prêmios. Os prêmios literários no Brasil não tem grande repercussão, acho que é na música, estes concursos internacionais de pianistas e outros instrumentos, que os prêmios ajudam muito na carreira. Talvez no cinema com os Oscar e os prêmios do Festival de Cannes. Veja que nunca na minha vida eu comprei um livro porque ele tinha ganho um Prêmio Nobel de Literatura. Nem sei quem ganhou o último. As pessoas que eu conheço também não compram livros por causa de prêmios. Talvez o Goncourt na França, pela tradição, por ser a França. O que eu gosto mesmo é de continuar sendo lido por todo o Brasil, tem você, uma leitora tão longe como Belém, ontem recebi quatro e-mails de Goiânia, é isso que eu gosto. E depois acabei fazendo o que eu queria, cumpri a minha vocação, o meu sonho de criança.
     A partir daí, diminuímos o ritmo da troca de mensagens, mas o escritor é muito atencioso e sempre me enviava convites para a participação dele na Bienal do Livro, em São Paulo.
JCM: Eu sei direitinho o que você vai dizer: não posso ir, moro em Belém, avião é caro, pior, é perigosíssimo, tem lugar que nenhum radar sabe nada, eu fico aqui. Tá bom, falou, mas não podia esquecer de você, principalmente pelo entusiasmo com os meus livros e também por aquela engraçadíssima história da devolução do Caneco que meus filhos adoram, eles morrem de rir quando eu conto. E é profundo, o que você fez está inteiramente no espírito do Caneco de Prata (...)
    Nesse meio tempo, continuamos nos falando e ele sempre me avisava quando entrava um vídeo novo sobre a Turma do Gordo no site da editora ou compartilhava algum fato interessante, como a festa de 40 anos de lançamento de "O Gênio do Crime" ou outros leitores desavisados que estranharam o "Caneco de Prata".
JCM: De Copa do Mundo em Copa do Mundo, de Bienal em Bienal, a gente vai empurrando a vida. Acho que essa é a terceira vez que eu te mando convite e vou continuar mandando até o fim das Bienais e a última Copa do Mundo. Como vai o seu curso de jornalismo? E o seu blog? Pela foto que eu vi no blog você já está praticamente uma mulher, mas é isso mesmo, de Bienal em Bienal a gente vira homem, vira mulher, fica moço, fica velho, e toca o bumbo! Um abraço.
    Pouco depois, fiz umas fotos minhas e do meu irmão (que também leu os livros por minha influência), cada um mostrando os seus títulos preferidos. O Gênio do Crime, Sangue Fresco e Conde Futreson foram as nossas escolhas. Entre outros emails, um dos mais interessantes que recebi dele foi o que compartilhou a entrevista concedida para uma pesquisa de mestrado. Na mensagem, ele diz: 
JCM: Querida Brenda, você sempre se interessou pelos videos e notícias da minha literatura. E você sabe que considero você uma leitora histórica e muito ligada aos meus livros. Saem às vezes umas coisinhas que não vale a pena perder tempo mas esta entrevista de uma professora para o mestrado dela, não por ser entrevista, há muitas, mas nessa aqui eu consegui, talvez pelos meus 77 anos, ter uma visão bastante clara do que eu fiz e me senti bem com as respostas que dei. Mando em anexo. Isso está, junto com outras coisas, na seção Noticias do meu site, mas mando para você para tê-la no seu computador. Fiquei muito feliz de você ter gostado do Gordo contra os Pedófilos e do meu rap. O meu rap saiu legal! Acertei a mão.
     Uma das perguntas da entrevista é sobre a relação do autor com linguagem e estilo, ao que ele responde que escreve o "delicioso português brasileiro que se falava em casa"."É um ritmo delicioso que se aprende no berço e que forma uma estrutura dentro da gente: é a própria estrutura da gente. Você vê que o Gênio do Crime está lá há 43 anos, nada foi mudado, e as crianças de todo o Brasil entendem imediatamente a minha linguagem", defende. Em meu comentário, destaquei que considero o diálogo construído tão próximo da realidade uma das grandes sacadas da obra dele. Nas páginas de seus livros, lemos as repetições, a prolixidade e os desvios de raciocínio que praticamos diariamente, o que gera uma identificação imediata. A entrevista completa está disponível no site da editora Global (www.globaleditora.com.br/joaocarlosmarinho/perguntas.html) e aborda a violência ingênua e hilária de seus enredos, entre outros temas. Também recomendo a leitura do processo de produção do livro Sangue Fresco (www.globaleditora.com.br/joaocarlosmarinho/passoapasso.html).

Para finalizar, destaco mais um momento especial: A surpresa maravilhosa que tive quando visitei a Ilha do Marajó, aqui no Pará, a trabalho para conhecer um projeto que implanta bibliotecas comunitárias no interior da Amazônia e me deparei com o Gênio do Crime amarrado a uma frondosa amendoeira. As crianças atendidas pela ONG nos receberam debaixo da sombra de várias árvores, com muitos livros pendurados pelos galhos, que balançavam pelo vento incessante da praia. Confesso que me emocionei quando dei de cara com a Turma do Gordo lá na vila do Caju-Una, perto de Soure, onde a gente chega de canoa ou de carro por dentro de uma fazenda. Percebi a força e o alcance que a literatura pode ter, capaz de encantar tanta gente. Sobre o projeto, a matéria está aqui no blog: http://brendapantoja.blogspot.com.br/2015/11/vaga-lume-encanta-de-livros-o-marajo.html
    Agradeço ao João Carlos Marinho pela autorização em publicar as mensagens e pelo carinho com os leitores. A Turma do Gordo sempre terá lugar especial na minha estante.